🤚 Tabela Comparativa dos Cenários
Diferenciadores Estruturais | Cenário 1 | Cenário 2 | Cenário 3 | Cenário 4 |
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Diversidade e desigualdade | Há redução da desigualdade de acesso (conectividade, dispositivos e recursos) bem como do uso da tecnologia. Há ainda redução na desigualdade da aderência dos conteúdos veiculados pelas tecnologias educacionais. Essa redução das desigualdades contempla grupos de alta vulnerabilidade social e econômica. |
A pandemia gerou uma crise educacional em termos de abandono escolar, redução de aprendizagem e de incapacidade de definir objetivos de aprendizagem que incorporem as experiências da ruptura. Um contexto de restrições orçamentárias reduz os investimentos no acesso a ferramentas tecnológicas na educação pública, restringindo fortemente a apropriação e produção tecnológicas. Populações mais vulneráveis são impactadas desigualmente pela crise. |
As desigualdades entre redes e intra-redes de ensino aumentam em relação a 2020. Com a falta de regulação ou incentivos públicos, o setor privado tende a priorizar regiões mais economicamente favorecidas na oferta de soluções de educação e tecnologia. |
A recessão econômica e as ameaças à democracia aumentam as desigualdades e a exclusão. Os principais desafios incluem desigualdades de aprendizagem, evasão escolar, migração significativa da rede privada para a rede pública, com piora significativa do acesso à conectividade, dispositivos, recursos digitais, e ferramentas tecnológicas e da representatividade de raça, gênero, classe e territorialidade no espectro da diversidade da identidade brasileira. |
Formação de professores e gestores | O contexto da pandemia obriga uma reformulação dos formatos de formação. Algumas instituições (ONGs, universidades etc.) se reúnem e lançam cursos de formação apostando no digital para chegar de forma contínua até os professores. Já existem sinais que este modelo é aplicado com sucesso com alguns educadores e alunos e serve de inspiração para um número cada vez maior de usuários nesse novo modal. |
No geral, há um cansaço e resistência de professores e gestores com os efeitos da pandemia, um burnout generalizado. Do MEC partem iniciativas pouco articuladas de formação, desconsiderando experiência na ponta. Mas há também algumas iniciativas inovadoras a partir de estados, municípios e do setor privado, com ampliação das formações oferecidas online. |
A situação de formação de professores é mantida, de característica mais instrumental e focada em ferramentas específicas. Surgem novas ofertas privadas sobre como ensinar usando tecnologia, mas sem uma demanda organizada das redes, elas ainda não impactam a formação inicial de professores e nem grande parte da formação continuada. |
A formação de professores e gestores a partir do MEC é centrada na dimensão técnica da atividade docente, privilegiando o papel de transmissão de conteúdos dos professores. Existe uma resistência da academia e de professores que, de maneira esporádica e não articulada, propõem e testam alternativas. Estados e municípios se contrapõem às propostas do governo federal, mas estão divididos e não conseguem articular uma contraproposta às diretrizes emanadas pelo MEC. |
Concepção de educação | A pandemia gerou uma janela de oportunidade. Diminuiu as barreiras dos professores em adotar novas experiências educacionais,, como o ensino híbrido e as metodologias ativas. Docentes e alunos são autores de novas experiências educacionais. Avaliação da aprendizagem funciona como instrumento para qualificar a prática docente e alavancar aprendizagem. |
O quadro de concepção de educação no país não se altera em relação a 2020, refletindo-se em práticas pouco elaboradas de ensino e na associação superficial de tecnologia à educação. A inovação nessa área vem de baixo para cima, de municípios e Estados e articulações entre eles. O setor privado também se revela diverso nessa área, promovendo em parcerias público-privadas experiências na área em termos de impacto na aprendizagem, algumas bem sucedidas, outras não. |
A pandemia contribuiu para ampliar a visão da tecnologia como elemento essencial para educação, contudo não foi um vetor para uma mudança de concepção pedagógica, prevalecendo uma visão focada na transmissão de conteúdos. Apenas em algumas poucas redes a tecnologia foi também vetor para inovação pedagógica. |
Prevalece uma concepção de educação que valoriza a transmissão dos conteúdos e autoridade do professor, mas não promove o protagonismo de estudantes e professores. Redes municipais e estaduais promovem, mesmo que de maneira desarticulada, práticas de aproximação com os estudantes, oferecendo uma educação mais inclusiva e alicerçada na BNCC. Ao mesmo tempo, o governo federal tenta usar a tecnologia para colher dados e monitorar (em alguns casos via câmeras) a conduta de alunos e professores. |
Acesso a internet e tecnologia | A internet chega em mais pessoas. O governo federal promove incentivos para o acesso visando manter a criança na escola e evitar evasão. Alguns governos locais continuam investindo em navegação patrocinada para o acesso à população de baixa renda. |
Apesar do avanço em debates públicos sobre o direito ao acesso à internet, o país não tem uma legislação nacional que garanta isso. Assim, as diferenças sociais e regionais continuam se acentuando. Novas leis que regulam a relação do governo com o setor privado, por exemplo, na área de compras e em parcerias público-privadas, favorecem que Estados e municípios construam iniciativas com o setor privado e revelam novas possibilidades nessa área. |
Apesar do avanço em debates públicos sobre o direito ao acesso à internet, o país não tem uma legislação nacional que garanta isso. Assim, as diferenças regionais continuam se acentuando, ao passo que alguns estados conseguem aprovar legislações próprias e conduzir investimentos locais para o acesso a internet.. |
A desigualdade do acesso à conectividade, aos dispositivos e recursos digitais, e ao uso e produção de infraestrutura e ferramentas tecnológicas se exacerba. Municípios e estados conseguem oferecer mais acesso a alguns grupos, mas outros continuam excluídos. Não há avanços nas políticas regulatórias que facilitariam o investimento privado nessa área. O pouco investimento do governo federal é direcionado para usar tecnologias para perpetuar sua concepção de educação. |
Governo, políticas públicas e regulatórias | O governo federal teve um papel central nos últimos anos, liderando a priorização de uma série de políticas nacionais para levar o acesso a internet de qualidade para todos no Brasil. O Congresso Nacional transforma o Programa de Inovação Educação Conectada em lei. O MEC se articula com estados e municípios para alinhar a educação com a BNCC. |
As eleições municipais de 2020 e presidencial de 2022 mantêm um país dividido politicamente, sem lideranças consistentes em nível nacional. Um MEC com baixa capacidade de diálogo com a sociedade civil, congresso e judiciário tenta impor de cima para baixo modelos de educação e tecnologia, sem conseguir adesão de muitos estados e municípios. Alguns desses, no entanto, articulam inovações na área, revelando o potencial do federalismo no país. |
Há ausência de um protagonismo do governo federal em atualizar programas de uso pedagógico da tecnologia. A situação de aulas não presenciais faz com que as redes municipais e estaduais pressionam por políticas públicas de tecnologia. |
O governo centraliza as decisões orçamentárias sobre o que é prioridade na educação, criando suas próprias diretrizes. As transferências programadas continuam acontecendo o os escassos recursos são direcionados para políticas concebidas com praticamente nenhum diálogo. |
Economia, investimento, orçamento e distribuição de recursos | O governo lidera uma agenda que aumenta significativamente o investimento em acesso à internet, incluindo o destravamento do FUST e a execução da política de Educação Conectada. |
Após anos de crise, a economia permanece estagnada, dificultando investimentos mais significativos em educação e tecnologia, acentuando diferenças regionais e sociais. |
Apesar da escassez de recursos, alguns governos estaduais aumentam investimentos em infra-estrutura, conectividade e tecnologias educacionais, em certos casos com recursos privados ou de filantropia. Surgem novas alternativas de monetização para as soluções de tecnologia. |
Mesmo com a aprovação do Fundeb, a redução de arrecadação diminui recursos disponíveis para educação ao mesmo tempo em que o desemprego leva mais alunos das redes privadas para a rede pública e o Covid aumenta as despesas das escolas com itens de higiene e proteção individual. |
Articulação e organização de atores | Mesmo diante da complexidade das eleições de 2022, as organizações da sociedade civil, instituições privadas e da administração pública consolidam um trabalho de colaboração, alinhado às secretarias de educação e suas escolas.Aumentam os exemplos onde a tecnologia é um instrumento catalisador de mudanças, usado para criar soluções para diferentes contextos e prioridades. |
Em um ambiente de poucos recursos e com uma liderança divisiva a partir do MEC, há baixa articulação em nível nacional. Contudo, alguns estados e municípios exercem forte papel de protagonismo e são capazes de promover experiências bem sucedidas ao combater a evasão e a defasagem de seus alunos. A sociedade civil trabalha em parceria com alguns desses territórios, mas as boas práticas não são convertidas em políticas ou ações para todo o Brasil. |
Consed e Undime se fortalecem, em articulação com a sociedade civil e o setor privado, e ocupam uma posição de liderança no setor educacional, sendo capazes de representar estados e municípios e de viabilizar um espaço saudável de troca de boas práticas entre eles. |
O MEC se opõe ao envolvimento da sociedade civil na educação pública. A sociedade civil resiste e tenta atuar como guardiã de uma educação de qualidade frente a oposição do MEC. A atuação sindical cresce com a adesão de mais professores após as políticas de volta às aulas resultarem em muitos alunos e educadores doentes. |
Pandemia e saúde | Apesar de ainda não ter conseguido desenvolver uma vacina realmente efetiva, a ciência evolui bastante na identificação de tratamentos que atenuam os efeitos mais graves da COVID-19. As taxas de fatalidade reduziram a um nível em que a população se sentiu segura o suficiente para retomar sua rotina e o ano de 2023 se parece muito com o período pré-pandemia, a não ser pelos novos protocolos de segurança e mudanças de comportamento da população. Tecnologias de rastreamento são aplicadas em grande escala para monitorar possíveis novos surtos e testes mais rápidos e confiáveis também são facilmente encontrados nas farmácias. |
Na falta do desenvolvimento de uma vacina realmente efetiva, o Brasil ainda convive com a COVID-19 A diversidade e extensão geográfica brasileira faz com que várias realidades co-existam. Algumas regiões conseguiram controlar a doença e retomar as atividades, outras ainda vivem períodos esporádicos de restrição e quarentena. Existem iniciativas para uso de tecnologia para rastreamento de contato entre a população, e restrições de viagens dentro e fora do território nacional são impostas. |
A maioria da população brasileira já está imunizada, embora ainda haja pequenos focos da doença em algumas comunidades, em geral as mais vulneráveis pela falta de universalização da vacina. Estudantes e professores retomam suas rotinas de aulas presenciais, com novos protocolos de segurança. |
As pesquisas mais promissoras por novas vacinas falham, e as medidas de segurança perdem efetividade ao passo que a situação econômica força as pessoas para fora das ações de quarentena e distanciamento físico O Brasil não consegue conter a Covid, especialmente entre as classes sociais mais baixas. Alguns sistemas de saúde entram em colapso e muitas famílias convivem com o luto e serviços básicos interrompidos com frequência. |